DIÓGENES NO BRASIL
- Enfoque Policial Federal
- 20 de jul. de 2023
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José Carlos Gentili*

Diógenes procurando um homem honesto. (Jacob Jordaens – Semper Gallery – Dresden, Alemanha).
O flamengo Jacob Jordaens pintou monumental obra, ao reviver a figura do filósofo heleno Diógenes de Sinope, conhecido historicamente como o Cínico, nascido às margens do Mar Negro e falecido em Corinto, na Grécia (*413a.C. - 323a.C.).
Sinope, na Turquia, foi um domínio romano denominado Colonia Iulia Cesarea Felix Sinope, anteriormente pertencente à Grécia Antiga e, de origem hitita, povo pertencente ao Império da Anatólia, há 2.000 anos, antes do Rabi.
Discípulo de Antístenes, pupilo de Sócrates, Diógenes perambulava despido, em Atenas, envolto por um barril, sobraçando uma lanterna, simbolicamente, à procura de um homem honesto.
Era um filósofo mendicante a predicar a simplicidade do viver, sem preocupar-se com os bens materiais, a preconizar a fidelidade canina como modelo vivencial. Daí, ser chamado de Cínico (kynon – cão em grego, com derivação Kynicos – cínico), como nos ensinaria Deonísio da Silva, magistral filólogo brasileiro.
Diógenes, autor da obra República, representa a importância das pessoas viverem com simplicidade, sem luxúria e sem apego excessivo aos bens materiais, pensamento filosófico gerador do estoicismo, que pregava o princípio de Ulpiano: “IURISPRUDENTIAE PRECEPTA SUNT HAEC: HONESTE VIVERE, ALTERUM NON LAEDERE, SUUM CUIQUE TRIBUERE” (Os preceitos do direito são estes: viver honestamente, não lesar a outrem, dar a cada um o que é seu.).
A propósito do amor aos animais e do viver com simplicidade, sem ostentação, a História renova estes pensamentos com a franciscanidade do frade São Francisco de Assis (Assisi–Itália– 1182 d.C.), referência da Igreja.

Diógenes. Pintura de Jean-Léon Gérôme – 1860. São Francisco de Assis com os animais.
Mas, afinal de contas, qual a razão desta digressão histórica, a envolver a figura gigantesca de Diógenes e seu pensamento, que sensibilizou Alexandre – O Grande, a ponto de dizer que, se não fosse Alexandre – O Grande, gostaria de ser Diógenes?
Por que “Diógenes no Brasil”, a encimar esta sucinta reflexão em pleno vivenciar pandêmico, momento em que os brasileiros e o mundo emergem para patamares demonstrativos de insanidade comportamental?
Vivemos o inimaginável Amanhã!
Simplesmente, pensou-se convidar Diógenes a visitar, simbolicamente, a Suprema Corte do País, o Congresso Nacional e seu gentio (bem como uma doentia Comissão Parlamentar de Inquérito), os 33 Partidos Políticos existentes, voltados para degenerescências ideológicas; a ensinar a 220 milhões de brasileiros (metade analfabeta funcional), viventes neste continente chamado Brasil, reflexionar suas existências e a validação para a conscientização de um mundo melhor.
Quem sabe se Diógenes, a erguer a sua lamparina no Brasil, não consegue reunir um punhado de homens verdadeiramente honestos?
O gênio habita o mundo da simplicidade e o Tempo dirá, afirma-se sempre!
*Jose Carlos Gentili,
Presidente de Honra Perpétuo da Academia de Letras de Brasília,
Membro da Academia Brasileira de Filologia
e da Academia das Ciências de Lisboa.